domingo, 29 de março de 2009


Meio que evito falar de mim. A gente nunca sabe na verdade o que somos, até porque minutos são suficientes para mudarmos nossos conceitos, olharmos a vida de outro modo, por outro ângulo. Mas hoje, a grosso modo, posso dizer poucas coisas de mim, situações que já vivi, sentimentos que serão eternos, mesmo que um dia, longe ou perto, eu os veja com outros olhos. Até hoje me permiti viver momentos fortes, intensos, com a certeza que eles seriam necessários. É estranho saber que precisamos sentir a dor. Se apaixonar, por exemplo, é profundamente necessário se pensamos em um dia amar alguém. Paixão é uma doença, nos maltrata até chegarmos a um limite, e às vezes nem sabemos a força do nosso coração. E quando passa (ela sempre passa) descobrimos que vamos muito mais longe do que pensávamos e aquela pessoa, cheia de defeitos, é humana. Apaixonar-se nos leva a entender os defeitos do outro. O difícil mesmo é encontrar as respostas para as inúmeras perguntas do meu coração, pois descobri que nossos pais não as têm. Elas são pessoais e intransferíveis, têm a ver com nossa trajetória, nossas buscas, escolhas. Nem adianta procurar “o dono da verdade” pois ele traz consigo uma bem sucedida vida ou amargas frustrações escondidas nos livros, estudos e teorias. Compreendi que a religião é necessária a uma pessoa até certo ponto, quando estudamos e buscamos a racionalidade da vida, ela torna-se hipócrita pois passamos a ver as coisas sujas, encobertas pelo alienante sentido de querer ser “a voz da verdade”. Sabendo disto, aprendemos a fazer o bem por uma questão de ser um “ser humano”, humano. E não por medo de um castigo, ou por querer uma vida futura melhor (soa até como calculismo).
Paulo Júnior sempre prestou muita atenção nos outros, e até absorveu alguns traços de seus amigos e inúmeras características dos seus pais (o que nunca será entendido como falta de personalidade). Ele procura andar no caminho certo, e erra muito, magoou, traiu. Mas sempre tenta "desfazer" o mal que fez. Ele nunca foi uma pessoa de se admirar, não apresenta grandes talentos e até tem dúvidas sobre seu futuro, um dos seus maiores medos. Já se apaixonou loucamente. É ignorante. Paradoxalmente amável. Tenta ajudar como pode. Não vê mais a religião como ponto de partida para um futuro melhor. E existe um sentimento que, sem dúvidas, o tempo não irá mudar. A saudade.
“Pois você é o significado do amor e não tem um dia que teu sorriso não preencha meus olhos, que teu carinho não chegue a mim, que teus olhos não me consolam. Minha mãe. Meu amor”.
.. Descobri, há pouco tempo, que embora o rosto e o tamanho não demonstrem, existe um homem dentro de mim. Forte e convicto assim como um adulto resolvido. Que tem medo como qualquer ser humano. Mas que não se curva ao errado.
Paulo Cardoso

Um comentário:

  1. Me arrepiei. Texto muito lindo!
    Eu fiquei sabendo sobre a ida da tua mãe ao
    céu, mas não sabia como falar sobre
    isso contigo.
    A gente sempre fica meio sem jeito
    nessas horas.
    Você é um grande homem, e eu sei disso, pois
    aprendi a olhar um PAULINHO que
    muitos olham, mas poucos enchergam.
    Tu escreve muito bem!
    Forte abraço!

    ResponderExcluir